terça-feira, 8 de março de 2011

Tendências demográficas brasileiras: risco econômico ou apenas uma mudança de perfil no mercado consumidor?


Nos últimos 30 anos o Brasil sofreu um aumento de alta magnitude em sua população ativa, ou seja, os habitantes que estão aptos a trabalhar e contribuir com a economia do país. Para exemplificar podemos analisar a pesquisa realizada pelo IBGE que aponta um crescimento de 100% da população com 30 anos entre os anos de 1980 e 2010.
Ao tratar deste cenário isoladamente, é possível diagnosticar um quadro positivo, visto que ao decorrer destes anos o Brasil passou a contar com um número maior de pessoas hábeis a exercerem atividades que contribuam com a conjuntura econômica local, eximindo-se então da possibilidade da escassez de mão de obra ou até do aumento de estrangeiros trabalhando no país.
Acredite, esta é uma onda que o Brasil vem “surfando” nos últimos anos, mas este panorama irá mudar, já que estamos novamente rumando para uma situação inversa. Explorando ainda os dados publicados pelo IBGE, a projeção é que nos próximos 40 anos a população ativa caia de maneira significante, aumentando e muito o número de habitantes na “segunda juventude” (terceira idade). Partido do mesmo exemplo utilizado acima, entre 2010 e 2050 haverá uma redução de 30% da população com 30 anos, enquanto a população com idade de 65 anos aumentará cerca de 310%.
Eis então a questão: qual o impacto deste possível acontecimento para a economia da nação?
A princípio fica clara a grande probabilidade de ocorrer um desequilíbrio na oferta de mão de obra brasileira, podendo torná-lo propício à entrada de profissionais de outros países. Além disto, há uma série de outras consequências que podem permear pela economia, como escassez de crédito (em função dos idosos pouparem menos por ganharem menos), redução no consumo, impacto no PIB, dentre outras.
Considerando tal disposição que existe em ocorrer um enxugamento de oferta de mão de obra e da população economicamente ativa em geral, vale dizer que possivelmente teremos uma grande mudança no perfil de consumo. Se hoje temos um grande volume de vendas no setor de automóveis, bebidas, etc., devemos trabalhar com a possibilidade de no futuro estes números serem transferidos para o mercado de medicamentos, por exemplo, ou qualquer negócio que tenha como público alvo a população acima dos 65 anos.
Fica aqui então uma luz que pode ajudar a clarear neste futuro onde nossos filhos serão “a bola da vez” do cenário de negócios: apesar de existir uma tendência ao desfavorável, destacar-se-ão os que conseguirem transformar tal acontecimento em oportunidades, como oferecer serviços para atender as necessidades e desejos desse público que será o predominante na ocasião.

Fonte:IBGE - Projeção da População do Brasil por sexo e idade: 1980-2050 - Revisão 2008. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/projecao_da_populacao/2008/default.shtm

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